sábado, 13 de junho de 2009

MUSCULAÇÃO FUNCIONAL: Por que razão algumas academias estão na contramão do progresso?

Parafraseando Schopenhauer...

A verdade passa por 3 estágios... Primeiro é ridicularizada, depois violentamente contestada, Finalmente é tida como óbvia !

O mais recente modismo do fitness, “treinamento funcional” leva a uma reflexão... Digo modismo não por tratarem se de práticas irrelevantes, mas por ignorar instrumentos funcionais que sempre estiveram ao nosso lado: OS PESOS LIVRES! Parece no entanto que para nós brasileiros é preciso sempre um gringo de nome complicado aparecer reinventando a roda, para que possamos prestar atenção no que é óbvio!

... mas afinal, o que é óbvio?

Somente a instabilidade desenvolve a estabilidade
O trabalho de Arokoski e colaboradores (2001) descreve um protocolo denominado como “exercícios de estabilização dinâmica lombar”. A simples observação dos mesmos revela serem nada mais do que flexões, extensões, abduções, abduções dos membros, sem o apoio do tronco em encosto, ou seja, exercícios a anos praticados na musculação, agora protocolados com um nome diferente.

Exercitar lombares e paravertebrais também deve fazer parte de um plano de exercícios quando se tem em mente qualidade de vida.
Nelson (1995) e Carpenter (1998) demonstraram não só o potencial de treinabilidade dessa musculatura, mas também o seu efeito na reabilitação da lombalgia, com o acompanhamento de 895 pacientes. Cohen e Rainville (2002) demosntrarm a importância de exercícios mais agressivos como o levantamento terra na reabilitação lombar.

Pesos livres têm maior transferência para atividades do cotidiano do que máquinas
...e isso não limita se ao andar ou subir escadas. Já foi demonstrado que o agachamento livre por exemplo é superior ao leg press no aprimoramento do salto vertical. Tricoli (2005) foi mais além, demonstrou que o treinamento com exercícios acessórios do levantamento olímpico teve maior efeito sobre tiros de 10 a 30 metros e sobre a impulsão vertical do que um programa específico de saltos.




Pesos livres promovem maior recrutamento de unidades motoras
Escamila demonstrou isso em 2001, quando comparou o leg press e o agachamento. Muitos outros estudos demonstraram também maior ativação dos ísquiotibiais e glúteos (especialmente em agachamentos profundos – Caterisano, 2002) em relação ao leg press.

A força explosiva e a velocidade não são qualidade físicas necessárias apenas a atletas, mas se inserem em nosso contexto atual de vida!
...pois embora não mais estejamos correndo de feras como no paleolítico, o fazemos para fugir do carro que avança o sinal; da confusão com tiro e bala perdida, ou pra alcançar o ônibus que parou depois do ponto. Quem também já não presenciou no dia a dia, a grande dificuldade de um idoso para subir os altos degraus dos ônibus, muitas vezes necessitando de um grau de flexão dos joelhos de bem mais de 90 graus ?!

Grandes unidades motoras de fibras de contração rápida serão perdidas com o envelhecimento,
Com isso, perde se massa muscular em grandes grupamentos. A única forma de atenuar ou reverter parcialmente esse processo é através de movimentos pesados ou explosivos.

Movimentos explosivos são trabalhados com maior segurança com pesos livres ou com implementos que possam ser arremessados, assim como exercícios de saltos ou piques curtos.
O conjunto formado pelas placas pode ser arremessado pelo impulso da contração, e retornar causando impacto traumático as articulações. A exceção seriam os aparelhos isocinéticos, raramente encontrados em academias, que tem a desvantagem de normalmente não envolver músculos estabilizadores e de não promover trabalho excêntrico, importante componente da hipertrofia muscular.

E finalmente, poder explorar o corpo em toda sua possibilidade de movimentos, correr, saltar, escalar, fazer força, equilibrar, arremessar, constitui por si só uma realização prazerosa ao sujeito que preso por anos nas rotinas de estudar e trabalhar, vive num estado de alienação corporal...


Falando em gringos, descobri pouco depois de escrever essa matéria que Harvey Newton estará aqui no Rio de Janeiro na Rio Sport Business Convention. Advinhem o tema de sua palestra? “Levantamentos básicos: uma antiga forma de treinamento funcional (?)". Harvey foi técnico da seleção olímpica americana de levantamento olímpico e atualmente é diretor executivo e redator-chefe da NSCA, alem de ter prestado consultoria a todos os níveis, de atletas à equipes de treinadores durante as olimpíadas de 1996, 2000, e 2004.

5 comentários:

  1. Caro Mestre... a divisão em tópicos não poderia ter ficado mais contundente e absolutamente clara... será q ainda restam dúvidas sobre o assunto? Perguntas respondidas e ainda com referências??? Deni, eu o saúdo!!! Forte e fraterno abraço!

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  2. Fantastico, ja virou meu point...SAGRADO!

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  3. Conhecendo o blog agora, e ja gostando muito de que estou lendo.

    Parabéns pelo trabalho Deníson

    Marcelo Loss Picolli - BRUSQUE ALTIVO - Powerlifting - SC.

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  4. Olá meu nome é Sandra;entendo o que você diz e concordo,mas, também entendo que o termo "musculação Funcional" simplesmente quer distinguir a forma, como é realizado um treino de musculação e também o objetivo a ser alcançado, principalmente pelos praticantes iniciantes na modalidade e de certa forma leigos, para eles fica claro a diferença de treinos "normais" e o treino funcional, aquele que vai contribuir com a pós reabilitação, o fortalecimento e não pura e simplesmente a busca da hipertrofia, privilegiando a saúde e evitando possíveis lesões. Sei também que é uma visão errada, mais infelizmente muito difundida e infelizmente praticada por profissionais que não possuem conhecimento necessário para uma prescrição de treino adequada ao objetivo e necessidades de seu aluno/cliente.E, resta aos bons e capacitados profissionais aderirem a termos da moda para que seja compreendido o intuito de tal treino, Obrigada.

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  5. Sandra, muito obrigado pela leitura e o comentário. O meu recado aqui tem em mente muito mais os profissionais de saúde do que os leigos. Também entendi o seu ponto, mas alguns de nós acham que descobriram a pólvora com cada modismo que chega em nosso país. A minha intenção nessa matéria foi demonstrar aos profissionais que exercícios funcionais sempre existiram dentro da sala de musculação, e que esses mesmos exercícios sempre foram os "contra indicados"! Para não dar o braço a torcer, alguns lançam mão de bolas, bozus e outros malabarismos como se esses implementos fossem exclusivamente funcionais, e um agachamento livre, um arranco, um terra, não tivessem nada a oferecer alem do ganho de hipertrofia... E mesmo que o efeito desses movimentos fosse "apenas" hipertrofia, esta não teria implicações diretas na qualidade de vida de idosos, diabéticos, e outros grupos. Grande abraço, bons treinos!

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