sexta-feira, 19 de junho de 2009

TRIBULUS TERRESTRIS E TESTOSTERONA: marketing furado? Prof Denilson Costa



TRIBULUS TERRESTRIS não faz parte das linhas de suplementos mais populares como proteínas e aminoácidos, ele é utilizado por um grupo mais seleto de consumidores (ATLETAS), que buscam substancias capazes de provocar efeitos diretos na performance; nesse caso específico não somente a performance física, mas também a sexual...

...mas por que sexual? Atletas não são máquinas do sexo? Não necessariamente, algumas das substancias utilizadas por atletas podem reduzir a libido durante o seu uso, já outras podem aumentar, mas ambas, após cessação completa de uso, levam a quedas no rendimento sexual. É por essa razão que o TRIBULUS é bem conhecido por atletas; particularmente os do sexo masculino, pois ele parece colocar o “bigurrilho” pra funcionar...

A maior parte dos suplementos populares constitui simplesmente macronuitrientes; ou seja, as proteínas e carbohidratos que encontramos nos alimentos transformados em pó, xarope, gel ou cápsulas pela industria. Se mais gente parasse pra pensar nesse simples fato, talvez fossem menos compulsivos no seu desespero em consumir suplementos e comessem um pouco melhor.

Outras substancias como Creatina, BCAA’s, Leucina Isolada, HMB, Glutamina, situam se numa categoria intermediária, pois embora algumas sejam encontradas nos alimentos, tem uma concentração mais difusa. Os fabricantes conseguem então isolar essas substancias dos alimentos em laboratório, e as ofertam em alta concentração em xaropes, cápsulas ou pó.

O TRIBULUS ao contrário dos outros suplementos não é um nutriente, mas uma erva utilizada a milênios pela medicina chinesa e indiana. Seus efeitos biológicos parecem estar mediados pela ação de saponinas esteroides, que foram isoladas na ultima década:

protodioscina
prototribestina
pseudoprotodioscina
dioscina
tribestina
tribulosina
flavonoide rutina

A análise de amostras de tribulus produzidas em diferentes partes do mundo como Sérvia, Bulgária, Índia, Grécia, Macedônia, Geórgia, Turquia, Iran, Vietnam, revela concentrações diferentes de saponinas ou mesmo ausência de algumas delas, e isso pode responder pela inconsistência dos estudos em demonstrar os efeitos que os atletas esperam.

O consumidor mais sofisticado não esta livre de ser confundido com bla bla bla pseudo científico da industria de suplementos. Uma estratégia muito comum pra atingir essa clientela é citar “estudos” embasando o respectivo suplemento. A observação mais cuidadosa revela que alguns desses estudos simplesmente não existem, ou nunca chegaram a ser publicados.

Uma outra técnica é “esquecer” de citar que os estudos foram feitos com animais, e não humanos ou muito menos atletas. É comprovado que o TRIBULUS apimentou a vida sexual de muitos ratos e coelhos que viveram mais felizes em laboratório, mas isso parece estar muito mais relacionado a um efeito no corpo cavernoso do que nos níveis de testosterona (Adaikan,2000). Mesmo as alterações observadas nesses níveis com animais, seriam apenas o suficiente para saturar o limiar dos tecidos responsáveis pela resposta sexual, e não para atingir níveis suprafisiológicos de hormônios, SOMENTE ALCANÇÁVEIS ATRAVÉS DE ESTERÓIDES.

O período chamado de “pós ciclo” entre os usuários de esteróides é o análogo da menopausa das mulheres, com a diferença de ser artificialmente criado em indivíduos do sexo masculino, e que esses tem apenas 20 a 30 anos. A produção de hormônios sexuais encontra se inibida pelo uso prévio de anabolizantes esteróides e permanecerá dessa forma durante algumas semanas ou mesmo meses. O indivíduo agora alem de não estar usando anabolizantes, não produz em si mesmo os hormônios que o fazem sentir “homem”, ou melhor, “super homem”. Segue-se um período de perda de massa muscular, ganho de gordura, diminuição da força, diminuição do desejo e desempenho sexual, que pode evoluir para redução da auto-estima e depressão transitória. Esse período é temporário, e sua duração pode ser reduzida ou seus efeitos atenuados com a utilização de algumas estratégias como medicamentos, psicoterapia, ou suplementos = Qualquer estratégia que sirva como alavanca a nível psicológico.

Esse é justamente um dos aspectos que pode criar dependência no uso dos esteróides, e o usuário deve estar consciente da transitoriedade dos ganhos e da diminuição dos efeitos algumas semanas no final dos ciclos. AOS MÉDICOS E PSICÓLOGOS AE VAI A DICA DE UM NICHO DE MERCADO NÃO EXPLORADO:

Reestabelecimento do eixo hipotalamico-pituitário-testicular em usuários de esteróides,

Depressão pós uso contínuo de esteróides.

...mas voltando ao TRIBULUS. Essas propriedades “pro-eretivas” no corpo cavernoso são sempre bem vindas aos homens, particularmente ao final de um ciclo de esteróides. Essa “paudurecência” levou muitos a crer que o TRIBULUS seria um composto natural capaz de reestabelcer mais rapidamente a produção de testosterona, e é dessa forma que muitos atletas o utilizam. Isso levou também a esperta indústria de suplementos a fazer alegações ridículas e bem marketeiras pra vender o composto como:

“Aumente seus níveis de testosterona naturalmente em xxx %”...

“O uso desse produto pode levar a falso positivo no exame anti doping”...


Alguns atletas, igualmente espertos, após serem pegos no doping declaram estar “puros”, e que teriam utilizado apenas TRIBULUS TERRESTRIS. Pra checar essa malandragem Saudan e colaboradores (2008) recrutaram duas voluntárias que utilizaram 500 mg de TRIBULUS 3 vezes ao dia por 2 dias seguidos. Ao final dessas 48 horas os níveis hormonais foram checados e não se verificou qualquer alteração nos níveis de testosterona.

Ok, então você acha que 2 dias foi muito pouco tempo? Rogerson e colaboradores (2007) estudaram um time inteiro de Rugby da Austrália, durante a pré-temporada , com trabalho de musculação durante 5 semanas, 450 mg/dia. Não foram registradas diferenças na força ou composição corporal em relação ao grupo controle, e nem alterações hormonais na relação testosterona / epistestosterona de 4:1, definida pela WADA como caracterizante de Doping.

Antonio e colaboradores (2000) também não verificaram qualquer vantagem no uso de TRIBULUS nos 15 sujeitos analizados em seu estudo durante 8 semanas. Percentual de gordura, peso corporal, total de água no corpo, dieta, estado de humor e performance no supino e leg press foram avaliados O grupo placebo teve resultados ainda melhores no leg press. A dosagem foi de 3,21 mg de TRIBULUS por kg corporal / dia.

Neychev e Mitev (2005) investigaram o efeito do TRIBULUS no metabolismo dos androgênios em 21 homens. Os níveis de testosterona, androstenediona e hormônio luteinizante mostraram se normais nas semanas seguintes. A conclusão dos autores foi de que as saponinas do TRIBULUS não possuem qualquer efeito direto ou indireto nos níveis hormonais.

Então recado dado! Se você conhece alguém que disse que caiu no doping por causa de tribulus, essa pessoa provavelmente esta apenas tentando ocultar o fato de estar bombada*, bolada* até a alma!

Finalizando, considero frustrante o fato do TRIBULUS não ter em seres humanos o mesmo sucesso que em nossos amigos coelhos, ratinhos e macacos, em relação a produção de testosterona (Gauthaman, 2008). Cabe lembrar que diferentes apresentações atuais, e futuras formulações, podem apresentar concentrações maiores, menores ou ausentes de saponinas específicas, que em grandes concentrações poderiam (?) ter algum efeito sobre os níveis hormonais em seres humanos. A protodioscina por exemplo parece ser a saponina responsável pelo o efeito observado no corpo cavernoso de coelhos. No presente no entanto essa possibilidade é pura especulação. Não espere dessa substância mais do que ela parece poder oferecer... ou seja, alguns momentos felizes pra sua namorada; ou não...

Animais de laboratório adoram tribulus
Na próxima matéria sobre TRIBULUS, falarei sobre alguns usos pouco conhecidos e surpreendentes para essa substancia.


** Como o Blog tem abrangência nacional, cabe lembrar ao leitor comum, não “versado” na subcultura do mundo dos pesos, que “bolado” (expressão paulista) e “bombado” (expressão carioca) são gírias que referem se ao sujeito que utiliza esteróides pra melhora do físico e da performance atlética.

REFERENCIAS:

Phytochemistry. 2008 Jan;69(1):176-86. Epub 2007 Aug 23.
Distribution of steroidal saponins in Tribulus terrestris from different geographical regions.
Dinchev D, Janda B, Evstatieva L, Oleszek W, Aslani MR, Kostova I.

J Strength Cond Res. 2007 May;21(2):348-53.
The effect of five weeks of Tribulus terrestris supplementation on muscle strength and body composition during preseason training in elite rugby league players.
Rogerson S, Riches CJ, Jennings C, Weatherby RP, Meir RA, Marshall-Gradisnik SM.

Int J Sport Nutr Exerc Metab. 2000 Jun;10(2):208-15.
The effects of Tribulus terrestris on body composition and exercise performance in resistance-trained males.
Antonio J, Uelmen J, Rodriguez R, Earnest C.

Forensic Sci Int. 2008 Jun 10;178(1):e7-10. Epub 2008 Feb 20.
Short term impact of Tribulus terrestris intake on doping control analysis of endogenous steroids.
Saudan C, Baume N, Emery C, Strahm E, Saugy M.

J Ethnopharmacol. 2005 Oct 3;101(1-3):319-23.
The aphrodisiac herb Tribulus terrestris does not influence the androgen production in young men.
Neychev VK, Mitev VI.

Ann Acad Med Singapore. 2000 Jan;29(1):22-6.
Proerectile pharmacological effects of Tribulus terrestris extract on the rabbit corpus cavernosum.
Adaikan PG, Gauthaman K, Prasad RN, Ng SC.

Phytomedicine. 2008 Jan;15(1-2):44-54.
The hormonal effects of Tribulus terrestris and its role in the management of male erectile dysfunction--an evaluation using primates, rabbit and rat.
Gauthaman K, Ganesan AP.

sábado, 13 de junho de 2009

MUSCULAÇÃO FUNCIONAL: Por que razão algumas academias estão na contramão do progresso?

Parafraseando Schopenhauer...

A verdade passa por 3 estágios... Primeiro é ridicularizada, depois violentamente contestada, Finalmente é tida como óbvia !

O mais recente modismo do fitness, “treinamento funcional” leva a uma reflexão... Digo modismo não por tratarem se de práticas irrelevantes, mas por ignorar instrumentos funcionais que sempre estiveram ao nosso lado: OS PESOS LIVRES! Parece no entanto que para nós brasileiros é preciso sempre um gringo de nome complicado aparecer reinventando a roda, para que possamos prestar atenção no que é óbvio!

... mas afinal, o que é óbvio?

Somente a instabilidade desenvolve a estabilidade
O trabalho de Arokoski e colaboradores (2001) descreve um protocolo denominado como “exercícios de estabilização dinâmica lombar”. A simples observação dos mesmos revela serem nada mais do que flexões, extensões, abduções, abduções dos membros, sem o apoio do tronco em encosto, ou seja, exercícios a anos praticados na musculação, agora protocolados com um nome diferente.

Exercitar lombares e paravertebrais também deve fazer parte de um plano de exercícios quando se tem em mente qualidade de vida.
Nelson (1995) e Carpenter (1998) demonstraram não só o potencial de treinabilidade dessa musculatura, mas também o seu efeito na reabilitação da lombalgia, com o acompanhamento de 895 pacientes. Cohen e Rainville (2002) demosntrarm a importância de exercícios mais agressivos como o levantamento terra na reabilitação lombar.

Pesos livres têm maior transferência para atividades do cotidiano do que máquinas
...e isso não limita se ao andar ou subir escadas. Já foi demonstrado que o agachamento livre por exemplo é superior ao leg press no aprimoramento do salto vertical. Tricoli (2005) foi mais além, demonstrou que o treinamento com exercícios acessórios do levantamento olímpico teve maior efeito sobre tiros de 10 a 30 metros e sobre a impulsão vertical do que um programa específico de saltos.




Pesos livres promovem maior recrutamento de unidades motoras
Escamila demonstrou isso em 2001, quando comparou o leg press e o agachamento. Muitos outros estudos demonstraram também maior ativação dos ísquiotibiais e glúteos (especialmente em agachamentos profundos – Caterisano, 2002) em relação ao leg press.

A força explosiva e a velocidade não são qualidade físicas necessárias apenas a atletas, mas se inserem em nosso contexto atual de vida!
...pois embora não mais estejamos correndo de feras como no paleolítico, o fazemos para fugir do carro que avança o sinal; da confusão com tiro e bala perdida, ou pra alcançar o ônibus que parou depois do ponto. Quem também já não presenciou no dia a dia, a grande dificuldade de um idoso para subir os altos degraus dos ônibus, muitas vezes necessitando de um grau de flexão dos joelhos de bem mais de 90 graus ?!

Grandes unidades motoras de fibras de contração rápida serão perdidas com o envelhecimento,
Com isso, perde se massa muscular em grandes grupamentos. A única forma de atenuar ou reverter parcialmente esse processo é através de movimentos pesados ou explosivos.

Movimentos explosivos são trabalhados com maior segurança com pesos livres ou com implementos que possam ser arremessados, assim como exercícios de saltos ou piques curtos.
O conjunto formado pelas placas pode ser arremessado pelo impulso da contração, e retornar causando impacto traumático as articulações. A exceção seriam os aparelhos isocinéticos, raramente encontrados em academias, que tem a desvantagem de normalmente não envolver músculos estabilizadores e de não promover trabalho excêntrico, importante componente da hipertrofia muscular.

E finalmente, poder explorar o corpo em toda sua possibilidade de movimentos, correr, saltar, escalar, fazer força, equilibrar, arremessar, constitui por si só uma realização prazerosa ao sujeito que preso por anos nas rotinas de estudar e trabalhar, vive num estado de alienação corporal...


Falando em gringos, descobri pouco depois de escrever essa matéria que Harvey Newton estará aqui no Rio de Janeiro na Rio Sport Business Convention. Advinhem o tema de sua palestra? “Levantamentos básicos: uma antiga forma de treinamento funcional (?)". Harvey foi técnico da seleção olímpica americana de levantamento olímpico e atualmente é diretor executivo e redator-chefe da NSCA, alem de ter prestado consultoria a todos os níveis, de atletas à equipes de treinadores durante as olimpíadas de 1996, 2000, e 2004.

terça-feira, 9 de junho de 2009

FALTA DE ALONGAMENTO, AQUECIMENTO OU CONDICIONAMENTO ?

“...to puto.. tava querendo voltar a malhar.. machuquei meu lombar, tudo porque não aqueci... to tomando tandrilax... será que da pra correr hoje 30 minutos na praia ou é arriscado...” ?

Esse é um relato comum nas academias; sobretudo quando a região lombar é envolvida, os freqüentadores se machucam e atribuem isso a falta de aquecimento; por aquecimento subentende se: “eu não alonguei antes”, ou “eu não fiz a bicicleta antes de começar”...

FALTA DE ALONGAMENTO OU FALTA DE AQUECIMENTO?

Existe na verdade uma grande confusão relacionada ao aquecer antes da atividade física. Podemos pensar num aquecimento geral onde se utiliza a bicicleta ou a esteira, com a função de elevar a temperatura corporal e com isso otimizar as ações enzimáticas que aceleram a produção de energia, o que é ótimo, mas isso não é tudo. Podemos também pensar nas articulações, e nesse aspecto abusa se do alongamento estático que embora seja uma atividade útil, nesse contexto de “aquecimento” nada “aquece”, e em alguns casos pode até atrapalhar, criando instabilidade temporária e modificando o funcionamento do reflexo miotático, importantíssimo nas ações que envolvam velocidade e forças reativa e explosiva.
O que é então o aquecimento? O aquecimento é, ou deveria ser, um ensaio da atividade principal, isso significa que como tudo relacionado ao esporte e a atividade física, deve também ser ESPECÍFICO! Na musculação por exemplo, quando realizamos os exercícios dentro do completo arco fisiológico de movimento, estamos simultaneamente alongando e contraindo os músculos. Ao realizarmos o mesmo exercício do programa com uma, duas ou até 3 séries de aquecimento, iniciando se com a barra vazia pra um número alto de repetições como 12 ou 25; progredindo para 30 a 50% do peso alvo para o dia para 6 a 12 repetições, e possivelmente quando necessário, uma terceira série com 50 a 70% do peso alvo; estaremos praticamente garantindo a não ocorrência de lesões, e estamos aquecendo de forma segura e específica. As séries iniciais mobilizam articulações com alto volume e baixa intensidade, aumentando a produção do lubrificante sinovial. Já o aumento progressivo das cargas de aquecimento, aumenta o recrutamento de unidades motoras (fibras musculares) preparando mente e corpo pras cargas pesadas que virão a seguir.



Exemplo prático pra um supino de 100 kg objetivando 4x8:

Barra vazia: 20 repetições
60 kg para 8 repetições
80 kg para 6 repetições
Finalmente 100 kg na barra para 4 séries de 8 repetições.

No caso das séries de aquecimento com carga na musculação, devemos ter em mente que a função das mesmas é fazer com que consigamos levantar mais peso ainda nas séries alvo; no exemplo acima: 4x8 com 100 kg. Dessa forma, elas não devem ser feitas até a exaustão ou falha concêntrica, pois nesse caso embora cumpram a função de aquecimento específico, geram fadiga e diminuirão a performance nas séries alvo!
Exercícios de alongamento podem ser utilizados como parte do processo de aquecimento, mas de forma específica. No caso da musculação onde as articulações movimentam de forma mais limitada o seu uso não é obrigatório e é muito menos importante que o aquecimento específico com pesos, já no caso de um corredor de obstáculos ou um lutador de taekwon do, a coisa muda completamente de figura! Mesmo assim cabe lembrar que alongamento não se limita apenas às formas estáticas, e deve sim incluir movimentos com alternância de aplicação de forças ou mesmo gestos balísticos, ao contrario do que se pensa.




FALTA DE AQUECIMENTO, FALTA DE CONDICIONAMENTO OU EXCESSO DE TREINAMENTO?

Se o primeiro equivoco é a achar que alongamento corresponde a aquecimento, o segundo é certamente achar que somente a falta de aquecimento gera lesões... Uma articulação ou músculo pode ser lesionado por:

1- Aplicação de carga muito acima da que estamos habituados (grande carga equivale a coisas distintas para cada esporte: Na musculação uma carga muito acima equivale a dizer que o praticante que utilizava 100 kg no supino decide treinar subitamente com 140 kg, sem antes ter treinado com 110, 120, 130, etc. Já para um corredor, grande carga pode equivaler a um súbito e grande aumento no volume semanal das distancias na corrida).

2- Biomecânica inadequada para o movimento ou para a constituição física do indivíduo (Não existe uma única forma válida de realizar exercícios ou gestos esportivos, e embora possamos seguir um padrão inicial como referencia, postura e técnica devem ser individualizadas).

3- Aplicação constante e repetida de uma mesma carga, mesmo que seja de intensidade média ou baixa (Pouca gente faz idéia que atividades de baixa intensidade como manusear controles de videogame por longas horas, dias seguidos; ou passar o dia sentado dirigindo ou estudando, tem a possibilidade de causar lesões graves que vão de tendinites até hérnias de disco. Podemos dizer o mesmo de programas de musculação que incluem treinos muito freqüentes para uma mesma articulação durante a semana, ou que envolvam mais repetições do que o corpo esta preparado para aceitar).


Como pudemos ver, a prevenção de lesões vai muito alem do discurso simplista de que devemos sempre alongar. Ela exige não só formas de aquecimento específicas, mas também uma biomecânica individualizada onde em termos práticos “roubar” pode tornar o movimento mais seguro para alguns, e menos para outros. Exige também um planejamento semanal, mensal ou anual das cargas de treinamento que deve levar em conta o momento de vida do praticante, suas condições físicas, emocionais e psicológicas de treinar, e promover simultaneamente uma base de condicionamento geral contínua. No próximo artigo abordarei o DESCONDICIONAMENTO como causa de lesões da região lombar, até lá, bons treinos!


Segue abaixo um resumo interessante de uma breve revisão feita pelo grupo Gatorade Sports Science Institute em relação aos alongamentos:


PONTOS PRINCIPAIS


As tradicionais rotinas de alongamento realizadas durante o aquecimento, antes do exercício podem aumentar a flexibilidade por um curto período de tempo, mas há poucas evidências científicas de que essas rotinas consigam melhorar o desempenho, diminuir a dor muscular de início tardio ou evitar lesões.

O alongamento regular, por exemplo, 3-5 dias/ semana, isolado do ambiente de exercício pode ser efetivo para aumentar a flexibilidade e desempenho de alguns tipos de exercícios, e isso pode diminuir o risco de lesões, mas é preciso realizar mais estudos para se validar este conceito.

O alongamento passivo por 15-30s é mais eficiente para aumentar a flexibilidade que o alongamento por períodos mais curtos e é tão eficiente quanto o alongamento por períodos mais longos. Aumentar a flexibilidade é importante para atividades como balé, ginástica e natação, mas isso pode diminuir a economia de corrida e pode ser inadequado para o os jogadores de futebol americano e para algumas outras atividades esportivas nas quais a estabilidade das articulações é fundamental.

O alongamento um pouco antes do exercício pode causar déficit de força temporário.

O risco de lesão aos músculos, tendões e ligamentos parece ser menor em atletas que apresentam melhor preparo aeróbico. Há algumas evidências de que os tradicionais procedimentos de aquecimento que não incluem o alongamento podem melhorar o desempenho de alguns tipos de exercícios e diminuir o risco de lesões esportivas.

sábado, 6 de junho de 2009

TRAVESTISMO MUSCULAR ...imagens fortes no final do texto


Não podemos confundir o uso de anabolizantes esteróides que ocorre desde os anos 50 com a recente prática de inflar os músculos localmente com óleos ou mesmo variações de silicone. Os usuários informados sabem que os efeitos de anabolizantes e suplementos vão ocorrendo aos poucos, ao longo de várias semanas e de forma geral, em todos os músculos, independente do local da injeção. O imediatismo de nossa sociedade movida a fast-food no entanto, deu origem a uma prática que prefiro chamar de “travestismo muscular”, ou “fast-muscle”, onde o usuário faz aplicações locais em músculos (ou em partes de grandes músculos), de quantidades grandes de óleos vitamínicos como ADE (mas poderia ser qualquer outro veículo oleoso) ou mesmo de silicone, da mesma forma que os travestis, com o objetivo de “desenvolver” aquele músculo especificamente. A internet tem alguns vídeos bastante nojentos mostrando indivíduos drenando pus e abscessos causados por esse tipo de prática, que obviamente pode provocar amputações e morte! Na verdade não existe nenhum desenvolvimento muscular real! Os maiores adeptos dessa prática são homens; ou travestis, como queiram, e o principal músculo escolhido é o bíceps, símbolo maior da musculação cosmética sem aplicações funcionais pro esporte. O músculo se apresenta inchado e disforme, perdendo contorno e detalhe, mas o principal sinal é que fica totalmente desproporcional aos músculos do ombro e do antebraço, parecendo um saco inflado. Essa bolsa de carne e óleo muito pouco se movimenta sob a pele quando o usuário contrai o bíceps. As federações que controlam o fisiculturismo têm banido tal prática, e analisam individualmente o atleta, desclassificando-o , caso seja constatada a utilização. O abuso dessas substancias então é muito mais comum entre leigos desinformados e em não atletas, do que naqueles que possuem o braço grande devido a muitos anos de treinamento pesado, utilizando ou não anabolizantes esteróides hormonais reais de efeito geral.


A sociedade condena tais práticas, típica em localidades distantes e mais pobres, sem acesso a informação, no entanto é permissiva em relação ao uso de silicone nos seios e glúteos das mulheres; no peitoral dos homens, sem contar a lipoaspiração. Alias uma das possíveis complicações de se entupir um músculo de óleo para fazer com que ele pareça maior, é justamente como na cirurgia plástica: a injeção atinge um vaso, o óleo (que poderia ser gordura lipoaspirada também) viaja pela circulação sanguínea, formação de trombo, embolia pulmonar, morte.... Outra conseqüência bizarra, embora não limitada ao travestismo com ADE e demais óleos, é a formação de abcessos que necrosam parte do tecido muscular, e que podem levar a sepsis. Esses podem ser causados por um volume excessivo de injeções num mesmo músculo ou pelo uso de medicamentos falsificados feitos em laboratórios sem a devida assepsia. Volto a dizer que as drogas falsificadas são consumidas porque o governo proibiu a venda dos medicamentos legítimos nas farmácias do território nacional.

CORRENTES E ELÁSTICOS: a aplicação funcional do conceito de resistência dinâmica variável

Quem treina a alguns anos, e realiza movimentos em amplitude COMPLETA, ao invés dessa frescuragem de ½ supino, ½ agachamento, ½ desenvolvimento pra ombros em moda nos últimos anos, já deve ter percebido o quanto as posições finais, onde a musculatura encontra se alongada ao máximo, são difíceis.

No supino, a quantidade máxima de carga é limitada pela força que conseguimos desenvolver logo ao descolar a barra do peito, ponto mais difícil. No agachamento idem: é fácil fazer ½ agachamento, mas tente ir até embaixo e ficará colado no fundo com esse peso. O que isso demonstra? Existe uma curva de força que varia em função do grau de flexão/abdução das articulações, e quanto maior essa flexão/abdução nos supinos e agachamentos, mais estaremos limitados na carga final que chega até o topo.

Todos somos mais fortes no topo desses exercícios, e mais fracos no fundo (isso mudará quando falarmos de equipamentos de suporte no powerlifting), com isso ao longo do movimento estaremos fazendo muito esforço em alguns momentos, e em outros apenas deixando a barra subir no embalo (efeito definido pela biomecânica como momento de inércia).


Pensando nisso, Arthur Jones, criador do equipamento Nautilus nos anos 70 aprimorou o sistema CAM de resistência variável. As CAM’s, também chamadas de polias excêntricas têm a forma de uma concha (daí o nome Nautilus), e substituem as polias esféricas no eixo das máquinas (a primeira patente de CAM na verdade data de 1901. Max Herz – Viena). Dessa forma o movimento rotacional do cabo ao redor desse eixo torna se irregular, seguindo a forma da CAM, que é posicionada de forma produzir um “braço” de resistência variável que acompanha o ângulo (ou “braço” de força) da articulação (não estou me referindo a braço como segmento corporal, sim como componente de um sistema de alavancas).

Na angulação articular em que o sujeito tem que fazer mais força, o raio da CAM é maior, aumentando a vantagem mecânica relativa. À medida que a barra sobe e se aproxima do topo, onde ficaria mais leve, o raio da CAM diminui, aproximando-se muito do eixo, e o esforço aumenta proporcionalmente. Essa é a regra pros movimentos multi articulares, onde a CAM funciona como o peão da bicicleta (quanto menor o peão, maior o esforço).

Já nas roscas (movimentos uniarticulares) o CAM atua no sentido oposto, girando junto com o eixo da articulação, e funciona como a coroa da bicicleta; quanto maior a coroa, maior a distancia e maior o esforço. A intenção de Jones era alem de literalmente “reinventar a roda”; e fazer muito dinheiro com isso, vender a idéia de que proporcionando um nível de tensão constante ao longo do movimento, esses equipamentos seriam capazes proporcionar maior força e hipertrofia do que os pesos livres.

Junto com essa idéia, toda uma metodologia de treinamento foi montada pra gerar maior “credibilidade” e tornar a venda dos equipamentos mais interessante. A Nautilus possuía centros de treinamento, onde se preconizava realizar apenas uma série por exercício, cobrindo todo o corpo numa única sessão, 2 a 3 vezes por semana. Dessa forma havia tempo e espaço para uma alta rotatividade de clientes por hora, e com isso muito mais dinheiro no bolso... Como digo, por trás das “inovações científicas” muitas vezes existem objetivos menos nobres....

Uma legião de “fundamentalistas” transformou Jones numa espécie de guru (aliás isso parece ser um problema com o nome “Jones”, como Jim Jones que levou uma cacetada de gente ao suicídio) e seus “ensinamentos” (mais tarde adaptados por Mike Mentzer que criaria o método heavy duty) em verdades "científicas" irrefutáveis. Livros foram escritos sobre seus métodos, sempre com fotos de forte apelo visual ilustrando competidores de bodybuilding da época que na verdade nunca usaram seus métodos... (exatamente como ocorre com os bodybuilders que aparecem em rótulo de suplemento sem nunca terem usado o produto).


FREDERICK HATFIELD E A ACELERAÇÃO COMPENSATÓRIA

Fred, mais conhecido como Dr Squat (Doutor Agachamento) nos anos 80/90, possuía uma combinação que eu considero perfeita: Alem de seu título de PhD, tinha também os calos nas mãos de quem testava e adaptava na prática, aquilo que estudava nos livros. Experimentação prática e vivencia de campo é algo em falta em alguns dos atuais “teóricos” do exercício, especialmente quando o assunto é biomecânica. Fred foi o primeiro a tentar sistematizar uma metodologia de treinamento para powerlifting. Seu resultado foi um recorde mundial de agachamento com 460 kg! Fred também esteve envolvido na preparação de Evander Holyfield (campeão mundial de boxe), Lee Haney (sei lá quantas vezes Mr Olympia), e outros.


... mas voltando ao tema central do artigo: percebendo o fenômeno da desaceleração final nos movimentos com peso livre, a idéia de Fred foi que ao invés de usar máquinas, os atletas deveriam fazer ainda mais força a medida que a carga ficasse leve aproximando-se do topo. Dessa forma, ocorre uma “compensação via aceleração” da maior vantagem mecânica, ou seja, se você é capaz de produzir mais força nesse ponto, APLIQUE MAIS FORÇA, ao invés de simplesmente deixar a barra ser levada no embalo (momento de inércia). Pra isso Fred recomendava o uso de percentuais em torno de 65 a 85%RM, e dessa forma, mesmo com uma carga submáxima, a força era aplicada ao máximo do início ao fim, num movimento explosivo, na tentativa de gerar ainda mais velocidade na fase concêntrica.

Estudo:


The Journal of Strength and Conditioning Research
Article: pp. 99–105 Abstract
Volume 13, Issue 2 (May 1999)

The Effects of Compensatory Acceleration on Upper-Body Strength and Power in Collegiate Football Players
KEN JONES1, GARY HUNTER2, GLENN FLEISIG3, RAPHAEL ESCAMILLA3, and LAWRENCE LEMAK3

The purpose of this study was to compare the effects of maximum concentric acceleration training versus traditional upper-body training on the development of strength and power of collegiate NCAA Division 1AA football players. Power was tested with a seated medicine ball throw (n = 30) and a force platform plyometric push-up test (n = 24). Upper-body strength was tested by using a bench press with 1 repetition maximum (1RM) (n = 30). All players were on an identical off-season weight-training program. The control group performed exercises with conventional concentric velocity, and the experimental group performed the concentric phase of each repetition as rapidly as possible. Two-way repeated-measures analysis of variance was used to determine training and group differences. Significant training effects for all strength and power measures indicated that both groups increased strength and power. Significant training by group interaction indicates the experimental group increased significantly more than the control group in the bench press (+9.85 kg vs. +5.00 kg) and throw (+0.69 m vs. +0.22 m). Significance was not reached for any of the training by group interactions for force platform variables (amortization time −0.46 seconds for the experimental group vs. −0.22 seconds for the control group; average power was +365 W for the experimental group vs. +108 W for the control group). The results of this study support the use of maximal acceleration of concentric contractions by collegiate football players during upper-body strength and power training.


LOUIE SIMMONS

Fred pendurou as botas em algum momento, enquanto Louie, atualmente próximo aos 60 anos, continua na ativa. Louie direta ou indiretamente, é o pai das metodologias do powerlifting moderno. Embora existam vários times espalhados pelo mundo como Super Training, Metal Militia, fica fácil de ver que todos eles comeram nas mãos de Louie Simmons. Louie considera importante o fato dos 3 levantamentos possuírem pontos fracos diferentes para diferentes atletas. Dessa forma o treinamento deve focar na descoberta e especialização desses pontos fracos, e também no desenvolvimento de vários tipos de força, ao invés de simplesmente ir colocando mais e mais peso nos 3 movimentos ao longo de um ciclo linear de periodização.

Louie Simmons

Elásticos e correntes fazem parte do treinamento dedicado ao componente força-velocidade (strength-speed) e fazem a mesma variação dinâmica de resistência; ou acomodação, que Artur Jones buscava através dos CAM´s. A diferença é a especificidade. Correntes e elásticos são facilmente adaptados a pesos e halteres, e dessa forma todos os músculos estabilizadores são envolvidos. O mecanismo propioceptivo continua a ser estimulado para gerar equilíbrio e direção no movimento, o oposto do que ocorreria em máquinas que guiam o movimento num plano único e estabilizam o corpo.

Louie, levando a idéia de Fred um passo além, passou a utilizar correntes e elásticos de forma que os atletas pudessem aplicar mais força e aceleração ainda na fase concêntrica. O principio é simples: quando a barra esta colada no peito durante o supino, ou a bunda próxima ao chão no agachamento, as correntes e/ou elásticos estão no chão e/ou frouxos. A medida que a barra sobe, mais elos da corrente saem do chão, mais o elástico estica, de forma que finalizando o movimento, o atleta terá levantado o peso da barra mais a resistência extra criada pelos elásticos e correntes.

uso de correntes pro desenvolvimento especial de força-velocidade

Para vencer a resistência extra, o atleta é obrigado a explodir contra a barra e gerar o máximo possível de aceleração; mesmo que para quem olhe, ela não se mova tão rápido. Dessa forma uma tensão mais ou menos constante e máxima é aplicada por todo arco de movimento.

Vale a pena lembrar que as correntes não devem descolar do chão quando o objetivo for esse, caso contrário, elas estarão atuando apenas como se fossem anilhas extra, criando apenas instabilidade no movimento de subida.

uso de correntes como anilhas

sexta-feira, 5 de junho de 2009

PINÓQUIO, FOREST GUMP,,,e outros contadores de histórias de academia !


Todo mundo conhece alguém que diz que conhece alguém que já fez supino com 200 kg, e sem camisa de força... Se o assunto for agachamento então, a coisa piora. Tem sempre alguém que já agachou com 300 kg. Pessoas,, parem ! Acordem !!! Poucos indivíduos tem força pra tirar 200 kg de um cavalete de agachamento, que dirá agachar com 300 kg. No Brasil por exemplo, somente uma elite de atletas é capaz de agachar na faixa dos 300 kg, dessa forma, a possibilidade do amigo do seu amigo fazer isso é muito remota, tem algum mentiroso ai !

Todo mundo deve ter metas, um norte pra te fazer andar pra frente. O youtube esta cheio de gente orgulhosa de seus “feitos de força”. Gente simples, que as vezes sem acesso a informações sobre treinamento, ou sobre regras de competição, vem dando o melhor de si, quebrando seus recordes pessoais, e isso é grandioso, DESDE DE QUE, elas comparem somente consigo mesmas essas grandes realizações . Dessa forma temos o melhor supino em dupla da academia Recanto do Guerreiro ( supino em dupla= alguém deitado supinando, alguém em pé atrás do banco remando ), ou o mais pesado meio agachamento em equipe da academia Bambam Fitness ( equipe = um atrás agarrado e mais um de cada lado empurrando a barra). Existem também campeões de ½ supino, e já vi inclusive competições em academias feitas nesse padrão: O participante desce os braços ate 90 graus com o solo e pronto, existem competições de supino na Smith Machine também. Ótimo, embora com certa freqüência observo que quem treina ½ supino tem como resultado apenas ½ peito.....

Então para que não restem duvidas, se você deseja comparar seus feitos de força com atletas de verdade, ai vai:

Um agachamento só é considerado VÁLIDO, se a profundidade for grande a ponto da dobra da coxa com o quadril estiver no mínimo alinhada com o joelho; sendo que em algumas federações deve ser mais baixo ainda que isso ! No Brasil onde ainda não se utiliza cavalete hidráulico, o atleta deve tirar a barra do cavalete sozinho e caminhar com esse enorme peso nas costas, ate ficar na posição ideal pra começar a descer. Se você consegue tirar 200 kg do cavalete e fazer ½ agachamento, parabéns! Você é um cara forte! Se alguém que você conhece consegue apenas tirar 300 kg do cavalete, mesmo sem conseguir andar pra trás, parabéns também, muita gente não consegue fazer isso ! Mas por favor não se compare com atletas!! Cada 5cm a menos de profundidade são 30 a 50 kg a mais de carga... POR ISSO, COLOCAR 300 KG NAS COSTAS E DESCER ATE O LIMITE MÍNIMO LEGAL, É PRA POUCOS, E O ATLETA QUE CONSEGUE ISSO NÃO É APENAS FORTE, MAS UM ANIMAL !... e se você conhece alguém que “diz” que faz isso e não é competidor, sinto muito, provavelmente você conhece um mentiroso !



ANABOLIZANTES ESTERÓIDES: desinformação, preconceito, e travestismo muscular...

Dois jovens de 16 anos foram internados em estado grave no Hugo de Goiânia, na madrugada de hoje, após aplicarem medicamentos de uso veterinário em seus corpos. Segundo a polícia, eles moram em Caiapônia e teriam começado a passar mal minutos depois de injetarem nos braços as substâncias. Eles sofreram edema cerebral, insuficiência respiratória e hepática. Um deles está na UTI e o outro ainda está com o quadro indefinido. “Pela gravidade dos sintomas, acho complicado que consigam sobreviver”, informou o diretor geral do Hugo, Salustiano Gabriel.
A coordenadora de produtos toxicológicos da Superintendência de Vigilância Sanitária (Svisa), Dilma Diniz, revela que o anabolizante utilizado pelos jovens é o ADE. Ele é de uso veterinário e comercializado em casas de produtos agropecuários.

Fonte.: Blog CANEDO AGORA (Quinta-feira 16 de abril de 2009)




Bom, pra início de conversa:

Jovens usam produtos veterinários porque os destinados a seres humanos, tem sua venda proibida e controlada em farmácias !!

Jovens obtém informações sobre anabolizantes entre amigos de academia e em sites na internet porque instituições e profissionais de saúde ao invés de discutir abertamente os prós e contras do assunto com a sociedade se limitam a campanhas alarmistas onde o público alvo é tratado como criança !


Prós e contras? Sim! Os anabolizantes esteróides possuem uma série de efeitos benéficos, razão pela qual foram desenvolvidos como medicamentos. A proibição gera o tráfico e a clandestinidade; exatamente o que acontece com a maconha, cocaína, ecstasy. Os usuários passam então a consumir produtos provenientes da China, Paraguai, Argentina, México ou algum fundo de quintal. Será que não é o consumo de medicamentos falsificados o verdadeiro problema de saúde pública, muito mais do que o consumo de substancias vendidas em farmácias do território nacional, que podem ser prescritas e monitoradas pelo médico?

As campanhas educativas contra o fumo e o álcool são iniciativas cabíveis, mas será que algum de nós conhece alguém que deixou de beber ou fumar por causa delas? Não estou me posicionando aqui contra as campanhas, dou na verdade um passo além: o debate! Esse assunto deve ser discutido na sociedade, e isso pode começar já na escola, desde os ensinos médio e fundamental, como parte dos temas transversais propostos pelos PCN´s da educação.

Os próprios profissionais de saúde não dominam o assunto, não se atualizam com a leitura de jornais científicos, apenas perpetuam mitos e os divulgam na mídia, como na notícia que abre essa matéria, em que a substancia ADE é tratada como anabolizante por uma representante da vigilância sanitária, embora seja apenas um complexo de vitaminas lipossolúveis injetável. Embora a imprensa veicule algumas histórias trágicas, quase sempre muito mal explicadas sobre o uso de anabolizantes, o mundo real também nos da tantos outros exemplos de usuários dessas substancias que não apenas continuam vivos e saudáveis, mas que tiveram a partir de seu desenvolvimento físico, a ponte para o sucesso e grandes realizações em suas vidas!

Arnold Swarzenegger; 7 vezes Mr. Olympia (premio máximo do fisiculturismo mundial) tornou se ator, e seus filmes foram grandes sucessos de bilheteria. Após alguns anos, tornou se também governador da Califórnia!!! Nada mal pra quem espera de indivíduos musculosos apenas trabalhos com prostituição, gogo boys ou guarda costas.

Silvester Stallone que com seus quase 60 esta ai forte e ativo, não usa dubles em seus filmes, e exibe um físico de atleta de 20 anos. O ator foi submetido recentemente a um constrangimento ridículo na Austrália devido a importação de testosterona e hormônio de crescimento, e teve que se desculpar publicamente numa corte por usar justamente as drogas que não somente o ajudaram a se transformar num ídolo do cinema, símbolo pra uma geração, mas que também lhe ajudam com toda certeza, a ter um físico perfeito agora aos 60...

Ambos foram usuários de anabolizantes esteróides ao longo de suas vidas. Outros exemplos incluem o velocista canadense e recordista mundial Ben Jonhson que perdeu o título para o americano Carl Lewis. Lewis como depois se descobriu, também fazia uso de substancias proibidas... Todos continuam vivos e com saúde.

O uso controlado de drogas e demais substancias pode trazer efeitos positivos, o uso descontrolado e excessivo pode matar, assim como a obesidade (excesso de comida) entope artérias ou a hiponatremia (excesso de água) mata; e olha que não estou nem falando de afogamento, to falando de beber água intencionalmente!



Personalidades compulsivas:

Muitos de nós possuímos transtornos obsessivo-compulsivos, diagnosticados ou não, que nos levam a trabalhar mais do que deveríamos, estudar mais do que deveríamos, ser extremamente ambiciosos passando por cima de nossos semelhantes e etc. O que esta por trás de cada uma de nossas compulsões é tarefa pra psicoterapia, mas o fato é que da mesma forma que alguns indivíduos conseguem beber sua “bebidinha” nos fins de semana sem com isso criar maiores problemas sociais, outros ao tocar a bebida tornam se alcoólatras, espancam suas esposas e causam acidentes fatais dirigindo bêbados. Apesar disso o álcool é droga liberada! Existe também o intelectual ou executivo que ao fim de um longo dia de trabalho, relaxa em casa dando 2 tragos num cigarro de maconha sem com isso comprometer seus negócios. Por outro lado existem os bichos-grilo que tem até a forma de falar e a capacidade cognitiva alterada em função de fumar bem mais que dois cigarros de maconha enormes todos os dias.

Com anabolizantes e suplementos não podia ser diferente. No entanto, a menos que o usuário seja um pobre desinformado, morador de localidades longínquas onde a ausência do poder público não faz chegar nem o saneamento básico, que dirá informação, capaz de injetar na própria veia causando trombose (essas drogas são administradas por via ORAL ou INTRAMUSCULAR, nunca por via ENDOVENOSA), ou de aplicar no próprio braço 230 ml de óleo, equivalente em volume a um copo de refrigerante, o uso dessas substâncias não “mata” ninguém de forma aguda instantânea! O mesmo não pode ser dito em relação à lipoaspiração na cirurgia plástica; modalidade médica que assume riscos não para tratar de doenças, mas sim da vaidade humana.

“...Segundo se informou ontem, os jovens, ambos de 16 anos, consumiram os produtos quarta-feira em Caiapônia, a 346 km de Goiânia, e passaram mal horas depois. Ainda na quarta, foram transferidos para o Hospital de Urgências de Goiânia. Os dois correm risco de morte.

Eles consumiram 230 mililitros dos complexos vitamínicos, enquanto, no gado, a quantidade aplicada costuma ser de um ml para cada 50 kg....”
Fonte.: O Povo Online 17 Abr 2009 - 01h53min

Com algumas exceções, em que atletas vêm a óbito por abuso de substancias que vão muito além dos anabolizantes esteróides como a efedrina no futebol e os diuréticos em esportes que tem categorias de peso, quem vira notícia na mídia raramente são competidores. Quase sempre a tragédia se dá entre pessoas mais humildes a quem o estado nega um atendimento médico decente, moradores de localidades onde não chega informação! As possíveis alterações de saúde EXISTEM SIM, e oferecem riscos sim, mas ocorrem a LONGO PRAZO, e são mensuráveis através de exames clínicos e laboratoriais constantes, onde se dosam, por exemplo, enzimas hepáticas, relação HDL/LDL, etc..

Já as alterações COSMÉTICAS colaterais se fazem notar mais gravemente em mulheres, incluindo alterações na voz, no clitóris, queda de cabelo, calvície idêntica à masculina, e acne sobre o rosto e todo o corpo. Nenhuma dessas alterações cosméticas oferece qualquer perigo à saúde, mas podem ter um efeito devastador na auto-estima da mulher, que fica indecisa entre o paradigma da “feminilidade” socialmente instituída e o novo padrão estético mais musculoso que ela agora persegue. Alias penso que as mulheres deveriam ser mais cuidadosas na escolha do tipo de substancia, ou quando decidem usar altas doses por longos períodos sem interrupção, uma vez que os padrões de beleza são modismos transitórios. A massa muscular pode até diminuir com a cessação do uso, mas os estragos feitos na pele, na voz e no couro cabeludo podem ser pro resto da vida, ou no mínimo podem gerar um grande trabalho pra serem atenuados. A estrutura física de alguém que já usou anabólicos esteróides nunca mais será a mesma.

Alguns indivíduos tornam se usuários compulsivos de qualquer droga, outros t buscam a perfeição física por ser o corpo sua maior ferramenta de trabalho (atletas profissionais, atores, dançarinos, modelos, seguranças, profissionais do sexo).

Os que preferem ignorar exames clínicos de rotina e continuam a usar doses constantes e cada vez maiores dessas substancias apesar dos sinais óbvios de problemas de SAÚDE que podem GRADUALMENTE se manifestar: alterações do músculo cardíaco, atrofia testicular acentuada, perda da libido, alterações da cor da pele e dos olhos junto com mal estar constante (lesão hepática), pressão arterial elevada, irritabilidade e insônia crescentes, alterações na bioquímica do sangue. São candidatos a internação clínica em algum momento.

Resumindo, a possibilidade de problemas de saúde com anabolizantes esteróides existe, mas é infinitamente maior em quem faz automedicação sem exames clínicos de rotina! Os problemas podem levar a internações ou mesmo a morte, mas isso depende da velocidade com que se busca auxílio profissional. O paradoxo que não desce na garganta de muitos médicos, é que mesmo após o uso contínuo de altas doses, a interrupção a tempo faz com que o organismo se regenere, e a saúde se recupere. Isso é verdade inclusive em casos sérios de hepatite medicamentosa dos quais já fui testemunha!

O objetivo desse artigo não é a apologia, uma vez que existe uma nova geração de idiotas que glamuriza essas e outras drogas não pelo amor ao esporte ou pela cultura física, mas apenas para usar o corpo como mais um acessório descartável, junto com suas tantas outras ferramentas de auto-afirmação como: carros tunados, cordões de prata, roupas e tênis que pagariam várias cestas básicas...

quinta-feira, 4 de junho de 2009

A MISSÃO DESSE BLOG...


Por que força pura? Eu rebato, por que não? Influenciados pela opinião dogmática de alguns conservadores desatualizados; formadores de opinião na área da saúde; os leigos e até mesmo alguns profissionais de educação física entendem a aptidão aeróbia como único ou mais importante aspecto do exercício para promoção da saúde. Equivocados duas vezes estão! Primeiro por atrelarem saúde ao conceito de aptidão física, ignorando sua natureza multifatorial; segundo por ignorar a força e a velocidade como qualidades físicas que possibilitaram a sobrevivência do homem desde o período paleolítico. Caçando, fugindo, correndo de feras chegamos até aqui, homem moderno, que lida com outros perigos. Uma crise em seu sistema de crenças e valores o leva a psicoterapia ou ao fanatismo religioso; doenças degenerativas passam a fazer parte de sua aumentada expectativa de vida, graças a sua principal aliada: a tecnologia! Tecnologia que criou também o fast food, os carboidratos refinados e máquinas que proporcionam conforto e perpetuam sedentarismo. Esse blog é o resultado de duas décadas de envolvimento com treinamento de força, um espaço onde em alguns momentos estarei expondo apenas minha opinião, mas em muitos outros estarei apresentando informações científicas atuais, OUUUUU, informações científicas ignoradas por irem de encontro à opinião acadêmica atual, muitas vezes devido a motivações pouco éticas e agendas ocultas. Bem vindo ao meu espaço. A força é construção do tempo!

quarta-feira, 3 de junho de 2009

CONTEXTUALIZANDO O TREINAMENTO FUNCIONAL - Denilson Costa




O treinamento funcional comercialmente divulgado na atualidade, é uma resposta as atividades físicas; particularmente musculação e ginástica, que numa primeira análise atenderiam a objetivos apenas estéticos, e por isso não funcionais. O termo funcional deriva se do esporte, onde todo o treinamento e os complexos de exercícios selecionados têm (ou pelo menor deveriam ter) uma função específica para o condicionamento e a formação do atleta.

A popularidade do termo no Brasil se deve a duas questões: de um lado a pobreza de orientações específicas para o treinamento especializado de atletas de alto rendimento; ainda limitado na visão de alguns preparadores à atividades aeróbias tradicionais pra desenvolver o “gás” ou de musculação em máquinas high tech pro desenvolvimento de “força” e “resistência”. A outra questão envolve uma indústria do fitness em constante reciclagem por conta de um mercado volátil, ávido por novidades que não apenas ofereçam os benefícios do exercício, mas que tenham um componente lúdico ou algo mais que faça com que os praticantes sintam se como super heróis, vivendo uma atmosfera imaginária durante as aulas, um ambiente de superação proporcionado por músicas, roupas, gestos e práticas não convencionais etc.


Mas e o treinamento funcional?


NA DEFINIÇÃO DA NATIONAL STRENGHT AND CONDITIONING ASSOCIATION, O TREINAMENTO FUNCIONAL É UM... ... contínuo de exercícios envolvendo equilíbrio e propiocepção, executado com os pés no chão e sem a assistência de máquinas, de forma que a força seja aplicada em condições instáveis e o peso corporal precise ser controlado em todos os planos de movimento.



...atividade multi articular, multi planar, propioceptivamente desafiadora envolvendo desaceleração e aceleração de forças, estabilização, instantes controlados de instabilidade, e o domínio da gravidade, das forças reativas no solo, e do momento de força (impulso).


...espectro de atividades que condicionem o corpo de forma compatível com seus movimentos integrados, ou com o seu uso. ...


...e então o autor do texto Steven Plisk resume: TREINAMENTO FUNCIONAL ENVOLVE MOVIMENTOS QUE SEJAM ESPECÍFICOS EM TERMOS DE MECANICA, COORDENAÇÃO OU VIAS ENERGÉTICAS, À SUAS ATIVIDADES COTIDIANAS!


Nesse sentido, a barra, ainda é a maior invenção da história do treinamento de força! Os velhos pesos e halteres, utilizados em suas formas mais antigas e ancestrais (arranque, arremesso, desenvolvimento em pé, agachamento, levantamento terra, remada curvada; e os números circenses de equilíbrio e força que datam já de alguns séculos) constituem o verdadeiro “CORE” do treinamento. Eles lidam exatamente com aceleração e desaceleração de forças multi planares, sem qualquer apoio para o tronco, pés no chão procurando o ponto de equilíbrio, o centro de gravidade. Quando realizados em sua total amplitude desenvolvem SIMULTANEAMENTE a flexibilidade e a força, alem de serem capazes de aprimorar não apenas a força máxima, mas também as forças reativa e explosiva exigindo apurado funcionamento do aparelho proprioceptor. Esses movimentos constituem atualmente; pelo menos a nível internacional, grande parte do treinamento de velocistas, lançadores, atletas de MMA e artes marciais diversas, alem de esportes coletivos como o basquete, o vôlei e o futebol americano.



ATIVIDADES COMERCIALMENTE PROPOSTAS COMO FUNCIONAIS:


Um arsenal de elásticos, plataformas, medicine balls, kettlebells, bolas suíças e mesmo alguns implementos que antes eram apenas usados pela fisioterapia são atualmente combinados de maneira "criativa" na composição de circuitos. Quando executados em seqüência, sem intervalos e com ênfase na velocidade, esses blocos de exercício tem um inegável benefício: manutenção de alta freqüência cardíaca na zona de limiar anaeróbio. O efeito geral disso pode ser uma elevada queima calórica e a capacidade de realizar trabalhos gerais em condições limites de débito de oxigênio. A variedade de estímulos (muitas vezes não relacionados entre si ou com a especificidade do esporte) pode constituir uma ótima quebra de rotina na fase preparação geral de um atleta, ou, para o consumidor de fitness das academias, que quer se sentir como um atleta mesmo que de mentirinha, e não necessita na verdade de nenhuma funcionalidade esportiva específica.



Mas então o que torna essas atividades funcionais pro freqüentador de academia?


No sentido específico, NADA! Num sentido geral, dependendo da combinação de exercícios, o praticante comum pode melhorar sua coordenação, sua percepção espacial, seu equilíbrio, sua agilidade. Uma atividade é “funcional” nesses termos, somente quando atende a uma necessidade específica, mas quais são as necessidades específicas do freqüentador típico de academia ?


MODIFICAR SUA COMPOSIÇÃO CORPORAL, MODIFICAR SUA COMPOSIÇÃO CORPORAL, E FINALMENTE MODIFICAR SUA COMPOSIÇÃO CORPORAL...


... a composição corporal se modifica quando o indivíduo aumenta sua massa muscular e/ou reduz o tecido adiposo. Por aumento de massa muscular, subentende-se HIPERTROFIA, e embora uma nova geração de academias tenha preconceitos contra esse nome e contra indivíduos musculosos em geral, dizendo seguir uma linha voltada para “saúde” e não para “hipertrofia”, é essa hipertrofia; e o treinamento de alta intensidade envolvido no processo, que trará os maiores benefícios à sua clientela, sejam eles adolescentes, jovens adultos ou idosos. Normalização da glicemia, redução de estresse no músculo cardíaco e discreto aumento no consumo de oxigênio, estabilização ou redução da pressão arterial, aumento da densidade mineral óssea (quando se treina PESADO),etc.


E o treinamento funcional para atletas ?


O treinamento de atletas é funcional desde o início da organização dos esportes na Grécia, não há nenhuma novidade nisso, pois o próprio termo é derivado do esporte. Na tentativa de dar uma nova roupagem a essa prática e vende-la como novidade, é que alguns equívocos podem estar acontecendo. Em relação as vias energéticas, a combinação de exercícios em circuitos pode ser organizada de forma a manter freqüência cardíaca compatível com a que ocorre durante a prova esportiva, mas em relação a mecânica corporal, ESPECIFICIDADE não é simplesmente reproduzir o gesto esportivo específico contra sobrecarga de elásticos, caneleiras, etc.


Partindo dessa idéia, chegamos a “ POSIÇÃO ATLÉTICA UNIVERSAL”: Joelhos e quadris semi flexionados, tronco inclinado à frente. Posição preparatória para saltar, correr, atacar. Posição de correspondência dinâmica idêntica ao início do arranque, arremesso, levantamento terra e de alguns outros exercícios “funcionais” contra resistência. Joelhos flexionados, tronco inclinado à frente. Qualquer semelhança entre as posições NÃO É MERA COINCIDÊNCIA !

O que torna uma atividade funcional, ou usando um termo mais apropriado “específica para o esporte”, é o grau de correspondência dinâmica entre essa atividade; ou complexo de exercícios, e não só o sistema energético dominante no esporte, mas também o padrão de movimentos encadeados exigidos no gesto, sua velocidade e a freqüência em que se repetem, entre outras coisas. A simples reprodução isolada do gesto esportivo específico (chutar, socar, correr) contra sobrecarga é na verdade uma prática primitiva, que data do inicio do desenvolvimento do treinamento esportivo. Antes pensava se que ao corredor bastava correr mais, ao nadador bastava nadar mais. Num outro momento passou se a utilizar, caneleiras, pequenos halteres, etc. O que descobriu-se com o passar dos anos é que algumas dessas práticas podiam ser na verdade contra producentes, uma vez que distorciam a apurada técnica original e modificavam todo o timing e a coordenação entre segmentos corporais, a descontração diferencial, exigidas num gesto eficiente e econômico a nível de gasto energético. Na atualidade, muitos treinadores não concebem um treinamento de força realmente funcional, para alto rendimento no esporte, sem a utilização dos levantamentos básicos e olímpicos.



Qual o seu objetivo então? Você é atleta de vôlei ? Atleta de vale-tudo? Você deseja hipertrofia? Deseja gastar calorias para emagrecimento, ou você é apenas um freqüentador comum de academia que deseja uma alternativa diferente às atividades comumente oferecidas, que seja capaz de lhe manter motivado a continuar se exercitando pro resto da vida? Aos atletas fiquem atentos, os complexos de exercícios devem ser selecionados de maneira específica ao seu esporte, exceto quando o objetivo for preparação geral, caso contrário seu treinamento será sim exótico, mas não funcional. Aos freqüentadores de academia, os verdadeiros benefícios “funcionais” dessas práticas tem menos a ver com o que elas propõe, do que com o fato de serem uma atividade nova no mercado, capaz de motivar, e com isso manter a adesão e continuidade a prática dos exercícios.