Bem, eu a André Jenz fomos os únicos aqui do RJ a topar as 11 horas de viagem até Ribeirão Preto em SP. Na rodoviária, já cansados, mal dormidos e perdidos, fomos recebidos pelo campeoníssimo Mendinho… Que alívio !! O assunto no carro foi? Advinhem… Powerlifting… e partimos então rumo ao Garden Hotel…
André Jenz e Mendinho - Garden Hotel, Ribeirão Preto, São Paulo.
Eu sabia que seria um evento interessante, e que no mínimo teríamos a oportunidade de rever amigos do esporte e trocar alguma experiência. Após quase 30 anos praticando e estudando powerlifting e treinamento de força no entanto, você sempre se pergunta se vai de fato aprender algo realmente novo em qualquer curso ou seminário que apareça.
Hoje posso dizer, com certeza, que qualquer atleta que deseje se aprimorar no esporte, tem em território nacional, gente do mais alto gabarito. Eu não faço apologia a federação nenhuma, sou multilateralista, a favor da opção ao atleta, e da livre concorrência como forma de acirrar a disputa entre organizações na produção de campeonatos de qualidade, para que no final todos saiam ganhando, mas vamos respeitar um atleta que se coloca no topo repetidamente em campeonatos mundiais onde participam mais 30 nações! É isso aí… Se o fenômeno das dezenas de federações faz com que nosso esporte abrace um número cada vez maior de praticantes em todos os continentes, ele também cria algumas distorções, como campeonatos mundiais em que só participa uma única nação! Esse sem dúvidas não é o caso do Professor David Coimbra!
Penta-campeão Paulista;
Penta-campeão brasileiro;
Tetra-campeão sul-americano;
Bi-campeao Pan-Americano;
4x campeão Arnold Sports Festival;
Medalha bronze no agachamento no mundial Raw 2012;
Medalha prata no agachamento, prata no levantamento terra e bronze no total no mundial Raw 2013;
Medalha de bronze no levantamento terra no mundial 2014;
Medalha ouro levantamento terra 2015;
Recordista brasileiro agachamento, supino, Terra e total equipado.
Recordista brasileiro agachamento, Terra e total Raw;
Recordista sul-americano supino, Terra e total equipado;
Recordista sul-americano agachamento, supino, Terra e total Raw;
Maior índice wilks masculino brasileiro 614 equipado e 501 Raw;
Melhores marcas em competições oficiais:
365 SQ - 260,5 BP - 365 DL - TOTAL 975,5 (equipado)
285,5 SQ - 180 BP - 332,5 DL - TOTAL 795,5 (RAW)
A apresentação começou de maneira metódica com os aspectos fisiológicos da produção de força, discutindo a fosfocreatina, os receptores de acetilcolina, as pontes cruzadas, e prosseguiu com uma análise dos parâmetros que compõe o treinamento: séries, repetições e intensidade (o peso na barra). Nesse ponto o professor foi muito incisivo na diferenciação da aplicação das zonas de intensidade entre o método bodybuilding e aquele dos atletas de powerlifting e weightlifting. Mais que isso, ele demonstrou como esse conceito migra e se modifica ao longo de um macrociclo, e essa migração foi muito além do simples “treine 70% em offseason, treine 90% em pre competição”.
Outro aspecto importante, que acaba sendo uma consequência da atenção aos parâmetros de, reps adequadas à intensidade escolhida, foi a ênfase na técnica correta, não só como fator preventivo as lesões, mas também para a obtenção das melhores alavancas. Em seguida David discutiu a periodização; demonstrando as várias modificações que ocorrem num macrociclo, e as principais escolas de treinamento no mundo. O foco foi a diferença entre as escolas russa, búlgara e americana. Os relatos foram repletos de experiências individuais, que só quem tem os calos nas mãos pode contar: é bem diferente ouvir de um atleta que estuda, ou de alguém que apenas recita artigos científicos.
Após o almoço, partimos para parte prática, mas não num modelo workshop. David Coimbra demonstrou o passo a passo dos 3 powerlifts e discutiu exercícios auxiliares e seu momento de inclusão e exclusão no macrociclo. Ao longo do seminário também foram discutidas estratégias nutricionais, algumas bem não ortodoxas, e a questão das categorias de peso e do percentual de gordura em atletas.
o posicionamento dos joelhos em relação aos pés
a posição da barra nas costas em função do uso de equipamento ou não
o alinhamento dos segmentos corporais no agachamento
pegada no supino e distancia acromial
Em resumo, a linha de treinamento do professor se alinha a escola russa, com cargas intermediárias e alta frequência em alguns momentos, embora parta de uma base “bodybuilding”, o que caracteriza uma progressão linear de cargas. Eu e o treinador André Jenz discutimos por toda a viagem na volta, os possíveis pros e contras de cada corrente. A maior parte dos grandes nomes da América; Ed Coan por exemplo, vem de escolas minimalistas, e até mesmo na Rússia, temos atletas como Malanichev e Pozdev com treinamento minimalista e infrequente, no entanto a categoria jnuiors vem mostrando talentos que erguem cargas só imagináveis no passado à atletas muito experientes. A pergunta permanece: Existe uma melhor forma de treinar, já que levantadores chegam ao auge no esporte com metodologias diametralmente opostas? O seminário não responde a essa pergunta, e nem foi o seu objetivo, mas na minha opinião conseguiu juntar as peças de um enorme quebra cabeças pra quem deseja entender a metodologia russa e aplicar os seus conceitos errando menos! Eu recomendo e faria tudo de novo! Parabéns ao Professor David Coimbra!
os dicentes: atletas e técnicos de todo Brasil
Atleta IPF Ana Rosa Castellani, Agachamento 250kg, supino 178kg (recorde mundial), Terra 220kg, Campeã mundial de powerlifting na categoria 72 kg, BATO PALMAS !
Ricardo Fongaro, Mendinho, Denilson Costa ;) , David Coimbra, André Jenz, Ana Rosa